terça-feira, 2 de junho de 2009

VENDEDOR DE LIVROS

"HA MABUKO HALENO!"

Um jovem de 23anos
numa plena 24 de Julho
dizia:
-"ha mabuko haleno!"
-"Ha mabuko haleno!"
E
algumas mananas diziam
-"ha nhangana ny ncacana haleno"
e elas ao escutarem
-"ha mabuko haleno!"
Admiravam-se e ficavam
sem nenhuma palavra na boca.

Este jovem não vendia nenhum livro,
sim, pedia emprego.
Andava com curriculum
cheios no envelope castanho
e barrato.

É verdade, este jovem
andava, andava, andava...
com Cv's sem sucessos.
Até chegou a um certo
momento...
em que ele quis
um metical
pois nada tinha para mantimento
afinal, este jovem era eu.

Quando eu chamava pela ajuda
passavam pessoas que representavam
altas instituições
e em mim apareceu
um espirito que dizia:
para em frente deste Ministério
faça um Mistério,
um pedido de cinco meticais
a cada um
dos que passarem

minutos depois ...

sentado eu, apareceu um carro.
E o dono estacionou a minha frente
e disse:
-venho já

segundos depois...

-demorei?
-Não!
Mas eu não sou
o dono deste carro!
Nem tenho carro
nem tenho possibilidades
de ter
apesar de ser forte
ter sentado ao lado dele
não me pertence
nenhum me pertence
somente espero de um milagre
vindo do céu – murmurei

-ha mabuko haleno!
-Ha mabuko haleno!
Murmurrei eu.

Quando aflito estiver,
mesmo que te digam
senta-te no sol, venho já.
Senta!
Mesmo sabendo que nada virá
ninguém virá me socorrer
sento! A espera!
Mas se me dissesse:
não tenho o que me pedes
não seria mal nenhum.

...

enquanto meditva nisto,
ouvia o ruido de um carro
e de um alarme
afinal era carro dos responsáveis
e eu dizia:
não devo pedir cinco meticais
a cada um destes passageiros
que sobem neste Ministério
atraves de elavadores,
sim mandar parar
este carro que soa alarme
para lho pedir cem meticais
e nesse momento o estómago
tocava o alarme da fome
a boca secava, os lábios murchavam
e lembrava a palavra dos melhores
politicos que afirmam
a não mendicidade
enquanto, acho ser só teoria,
e eu que me esforço sempre
em subir, escorrego!
Repetindo eneismas vezes
na expectativa de querer vencer
esta batalha de luta contra a pobreza
mas tudo retorno ao zero

...

mas vai anoitecer
a espera que venha o milagre!
Esperei, esperei, esperei!
E no fim da paciência
e esperança
pensei no mês vindo
que o nosso pai viria
nos visitar
para lhe dizer:

Papá, a luta contra a pobreza
não deve prosseguir
atraves da mendicidade.

Mas se possível, torne a mendicidade
finda dando ao seu filho
talvez ultigénito – ultima sorte
apoio financeiro nos seus sonhos
aliás no seu sonho
um sonho
de se tornar escritor
atraves de uma obra literária.

Caso não queira isso
torne num jardineiro
caso não, torne-me
empregado doméstico
para fazer compras do Seu gado
ainda, se não isso
torne-me
um ajudante do seu enginheiro
talvez o Papá não resolva
os problemas dos singulares
mas, Papá, faça milagre.

... segundos depois

Ao meu lado, ouvi:
peço licença
afastei – me!
Afinal era o dono deste automóvel
que me confundiam ser o dono .
Sentado já, depois do autocarro
ter sido tomado pelo dono.

Os passageiros, ja me reparavam
com dois olhares:
um, de querer saber quem sou?
Dois, de querer saber com que objectivo
me faz sentar ali?
E eu paulatinamente
me manti calado
a espera de um milagre
e que até hoje estou a espera
de enfretar esta dura realidade
minha quotodiana.11abril2007/90305

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